Entre o Rio e Paris. A passageira
ao meu lado ressona alto. Nem os gritos de Bruce Lee que saem dos auscultadores
lhe perturbam o sono. Do outro lado um outro pede mais duas garrafinhas de
vinho: se até agora quase não parou de falar (sem dar a mínima para o fato de
ser ou não escutado), com mais duas garrafinhas…
Finalmente o comandante anuncia a
aproximação à pista do aeroporto Charles de Gaulle. “São oito da manhã, hora local. O tempo apresenta-se bom, sete graus
negativos. Tenham todos um excelente resto de dia.” Teria eu escutado bem?
O tempo apresenta-se bom, com sete graus negativos? Será ironia do comandante?
Na sala de embarque, enquanto
aguardo a conexão para Lisboa, e depois de já ter dado duas voltas ao
aeroporto, tentando em vão esquentar os pés, visto os casacos de lã que trouxe,
embrulho-me no cobertor que peguei “emprestado” da Air France e enrosco-me num
dos poucos aquecedores existentes na sala, que tentam, sem sucesso, elevar a
temperatura ambiente.
Pela vidraça vislumbro o que a
princípio pensei serem seres humanos. Impossível! Com sete graus negativos
serão certamente robôs telecomandados.
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