quarta-feira, 24 de outubro de 2012

SARDINHAS ASSADAS

RUA DA MINA

Rua Direita, Rua da Mina, Rua do Arco, Rua da Carreira. Estou numa vila ou cidade portuguesa? Errado. El Jadida, antiga Mazagão, em Marrocos, fica para lá, mas bem para lá de Marrakech. Na costa, a oeste. Ficamos na Cité Portugaise e logo somos invadidos pelo cheiro de sardinhas assadas.
A CISTERNA LUSA
─ C'est bon. C'est comme on fait les portugais. ─ Diz-me o marroquino, virando as sardinhas no fogareiro a carvão.
Os lusos não deixaram por aqui apenas a monumental muralha da vila, os canhões e baluartes e a cisterna.
MURALHAS DA CITÉ PORTUGAISE
Em 1769, cansado das investidas árabes, Marquês de Pombal fez transportar toda a população de Mazagão para o Amapá, no norte do Brasil. Lá eles fundaram Nova Mazagão.


Com direito a sardinha assada...

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

PARA LÁ DE MARRAKECH

Viajar para lá de Marrakech, num trem da ONCF é quase tão ruim quanto viajar num trem da Central.
Os trilhos sulcam a terra árida a perder de vista. Terrenos cercados por cactos e pedras. Nas redondezas das cidadelas, o solo parece semeado de sacos a garrafas de plástico.
Súbito, o trem interrompe a marcha. Burburinho, cochichos. De um dos vagões saem dois policiais arrastando um pobre coitado pelos colarinhos. Onde irão no meio deste deserto que parece não ter fim?
Já em Casablanca, à cata dos locais por onde teriam andado Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, descubro que o filme foi integralmente rodado em Hollywood.
Peguei o trem de volta.

domingo, 21 de outubro de 2012

DJEMAA EL FNA


Dizem ser a maior praça de todo o continente africano. Djemaa el Fna em Marrakech, Património Imaterial da Humanidade, será seguramente o lugar mais animado do planeta. A tradução de Djemaa el Fna, ou uma das traduções, é “Assembleia dos Mortos” pois aqui, antigamente, criminosos eram executados e suas cabeças expostas, como exemplo. Mas em lugar algum do mundo se poderia encontrar mais vida: acrobatas, vendedores ambulantes de água, dançarinos, músicos, malabaristas, barracas de comida, contadores de histórias, curandeiros, saltimbancos, faquires, encantadores de serpentes, macacos amestrados, engolidores de espadas, dentistas, vendedores de plantas medicinais, chás para todos os males, doces típicos, cartomantes, vendedores de peles, de pedras, de ovos de avestruz, unguentos, sabão em pasta, especiarias, chapéus de palha, tatuagens em hena, tâmaras, suco de laranja, brinquedos…

Tudo acontece ao mesmo tempo, com sons e aromas exuberantes…
É só escolher o espetáculo e a sessão.

DJEMAAA EL FNA. A praça, de manhã, quase vazia. O património são as pessoas que por lá circulam com suas artes



MARRAKECH


Hospedamos-nos no Riad Medina Azahara, uma casa tradicional marroquina, com um pátio interno cheio de plantas, onde sobressaem bananeiras, laranjeiras, tangerineiras e uma figueira. Ao centro um pequeno lago. O quarto é espaçoso, o colchão confortável, o banheiro tinindo de novo, atendimento  simpático.A noite é silenciosa e ninguém diria que estamos perto da mistura de circo com espetáculo de variedades, feira e jardim zoológico que é a Praça Djemaa el Fna. E silenciosa prosseguiria a noite até um pouco antes das cinco da manhã. A essa hora… surpresa! Do alto do minarete, o muezim, com os altofalantes apontados para a janela do nosso quarto,  clama à oração.Não houve tampões de ouvidos nem almofadas na cabeça que permitissem prosseguir o sono interrompido.



O jeito foi sair da cama, ajoelhar e rezar.