quinta-feira, 8 de setembro de 2016

A ÁFRICA QUE ACORDOU EM MIM


Hoje acordei com um "não sei quê" e não sei por quê. Me assaltou minha querida África e fui rever algo que escrevi há uns anos e reproduzo, juntamente com quatro fotos que bati na época, quando lá estive a última vez. Um grupo de curiosos, o ônibus com destino à Beira, eu pendurado num embondeiro, a menina mordendo a cana de açúcar, o piri-piri sacana, o matope no Chiveve,  mafurreira, a micaia...
Hoje foi assim, não sei por quê...
A ÁFRICA QUE ACORDOU EM MIM
O mato molhado pelo cacimbo da madrugada, o rugido do leão assustando a noite, as réstias de brasas da fogueira se escondendo do sol prestes a nascer, o matope, a seca e a chuva a cântaros, o chilrear dos pássaros, a picada do mosquito, o horizonte infinito que o sol desdobra vencendo a neblina, o garoto mordendo a cana cujo suco lhe escorre pelo peito, a manga verde com sal, o piri-piri sacana, o cheiro do acafrão, a família pés descalços, em fila na berma da estrada, a sura queimando a garganta, a mulher de peito nu batendo a roupa na pedra, o espinho da micaia, a maresia, o odor da terra molhada, a profusão de cores dos mercados, as acácias vermelhas, o sol queimando a pele, a sombra da mafurreira, os cachos de banana, o caju.
É o que, de olhos fechados consigo ver, debruçado na varanda da memória. É o que já lá estava. É o que acordou em mim.
Assalta-me uma frase que li não sei onde, não sei de quem: “Se durante a tua vida visitares dois continentes, que seja a África, duas vezes”.











quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Prémio em Concurso de "Contos Breves"

Queridíssimos amigos, acabei de ser premiado no "Prêmio LiteraCidade - Contos 2016 – contos breves"
Aqui vai o "mini" conto, espero que curtam.
O link para o site onde consta a premiação, é:
https://premioliteracidade.wordpress.com/2016/08/30/plc-contos-2016-contos-breves/


LIGAÇÕES INTERROMPIDAS
Faziam exatamente vinte anos que estavam casados. Sempre unidos nos planos, na vida. Ela, que sempre lhe fora fiel, era feliz. Ele, que até há seis meses atrás sempre lhe fora fiel, era feliz. Mais feliz ainda nos últimos seis meses. A outra, feliz desde que o conhecera: faziam exatamente seis meses que estavam apaixonados, não muito juntos, é certo, mas com planos para a vida.
Por vezes ele imaginava se ela saberia de algo, se desconfiaria de sua nova paixão, mas não: ela parecia-lhe sempre tão amorosa...
Por vezes ela desconfiava de alguma coisa: era muita a felicidade que via estampada no rosto dele, nos últimos meses...
Por vezes a outra pensava por quanto tempo essa relação duraria: era-lhe difícil suportar a omnipresença dela, na vida deles. Muito difícil.
No centro comercial, ele comprou dois presentes. Um para cada uma. Iguais. Não haveria, assim, problema se porventura os trocasse.
Com um presente em cada bolso, ele ligou para a outra. Porém, com o pensamento nela, se equivocou, trocou os bolsos, e prometeu mais vinte anos de imorredouro amor, chamando à outra pelo nome dela.
Deu pelo equívoco quando escutou o som intermitente da ligação interrompida.
Desesperado voltou a ligar para a outra. Porém, não se dando conta de que discara por engano o número dela, jurou-lhe, com o nome da outra, que aqueles seis meses de paixão se multiplicariam eternamente.
Só deu pelo engano quando escutou o som intermitente da ligação interrompida...



terça-feira, 23 de agosto de 2016

O HERESIARCA DE MUBRÍNGIA

Amigos, acabei de saber: meu conto O HERESIARCA DE MUBRÍNGIA acabou de ganhar o primeiro premio no  Concurso Literário Osório Alves de Castro, promovido pelo MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DO BRASIL, UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA
Abaixo o link de acesso à classificação:

http://concursos.ufob.edu.br/images/phocadownload/concurso_literario/resultado%20edital%20proec%2001_2016.pdf




O anúncio do prémio