Só
dei por ela no momento em que passou pela roleta do ônibus. Cabelo
descuidadamente apanhado, olhos transparentes e blusa leve de algodão branco.
Cheirei a sua respiração quando passou perto de mim e se sentou no meio banco
vazio à minha frente. Continuei em pé, meu joelho quase tocando a sua coxa.
Tentei olhar a paisagem pela janela, mas não consegui. Os meus olhos saltaram
do seu cabelo e tornearam-lhe a orelha pequena até ao lóbulo aveludado. Aí,
qual pingente, caíram no ombro dividido pela estreita alça que segurava a
blusa. Uma volta rápida pelo ombro, e o pescoço fino e pulsante foi percorrido
em todas as direções. Depois os meus olhos escorregaram para o seu peito.
Primeiro devagar, para logo, inquietos, contornarem tudo o que a blusa não
ocultava. Seu peito solto acompanhava todos os solavancos do ônibus. Os
mamilos, intumescidos pelo roçar no tecido, nele marcavam a sua forma e
tonalidade escura, como que amparando o fino algodão. Súbito, uma rabanada de
vento pela janela afasta levemente a blusa, entreabrindo ao olhar uma alva
parte do peito não beijada regularmente pelo sol. Foi só por um instante que o
frágil e firme, terno e excitante peito ficou exposto.
Os meus olhos perderam-se de vez.