segunda-feira, 5 de julho de 2010

MORSING E O SILÊNCIO


Em Morsing outra vez... embebido em silêncio...
O silêncio, o mesmo e único silêncio que antecede a descoberta, precede o espanto, o medo, a alegria inesperada.
No ambiente alegre e ruidoso do circo, antes do triplo salto mortal, o silêncio é total. Cada um faz para si, em algum instante durante a batida de um pênalti, um breve silêncio.
Pedindo silêncio, o maestro bate a batuta antes de assinalar à orquestra o início da sinfonia. Para muitos escritores, precedendo a aparição da palavra que procuram encaixar nas encruzilhadas de pensamentos e emoções, há uma fração de tempo em que o silêncio é total.
Há um silêncio antes da primeira respiração e do primeiro choro de um recém nascido.
"O resto é silêncio" são as últimas palavras de Hamlet. "Depois do silêncio, o que mais se aproxima do inexprimível, é a música", disse A. Huxley.
Segundo as lendas, no início dos tempos, antes do Big Bang não havia o silêncio. Ele surgiu pela primeira vez para que pudesse acontecer toda a criação.
No final dos tempos, acredita-se, o silêncio deixará também de existir.
Deixará de existir sim, em toda a parte, mas nunca em Morsing! Em Morsing o tempo parou, aqui não haverá fim; e não havendo fim, nunca o silêncio deixará de existir.
Melhor assim: sempre terei um lugar onde me enroscar no silêncio...