segunda-feira, 6 de junho de 2011

São Paulo, São Paulo, São Paulo!












São Paulo. Parques, museus, trânsito louco e poluição...
No Mercado Municipal peço um sanduíche de mortadela. Impossível abocanhá-lo, tal o volume de carne. O sanduíche desfaz-se nas minhas mãos. Olho em volta, procurando auxílio. Reparo que alguns comensais conseguem degustar o dito, com maestria. Assim não vale: o meu não veio com livro de instruções.
Atravesso o viaduto do Chá, vou ao Museu da Língua Portuguesa, Pinacoteca e Sala São Paulo. Perco-me no Ibirapuera e no Parque Alfredo Volpi.

Depois subo ao topo da Torre do Banespa. Documento com foto. Não pode levar mochila nem boné. Boné não pode? Não, não pode. Porquê? Não pode! Sofre de vertigem, labirintite? Se sofre, não pode subir. E rappel lá de cima, pode? Trinta e cinco andares, 161 metros, mais 20 centímetros, mais 2 milímetros. Como é que mediram essa coisa com tanta precisão? Também não pode jogar coisas lá de cima, nem cuspir. Ah... bom, melhor assim.

MASP e Livraria Cultura. Casa da Mortadela, ali mesmo, na outra esquina, pertinho do Bar Brahma. Ainda os graffiti dos Gêmeos, os músicos na Oscar Freire aos domingos e a Mercearia São Pedro, na Vila Madalena. E, no domingo, Liberdade: uma orgia alimentar...


São Paulo, São Paulo, São Paulo!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Meu mundo em Morsing

O riacho Boqueirão Sacra Família encheu tanto que cobriu a rudimentar ponte que liga a casa do sítio onde me hospedo, ao resto do mundo. Estou isolado. O celular não tem sinal, o que aliás nunca aconteceu por aqui. Chove a cântaros. A energia elétrica caiu. A água só sobe à caixa de água com o auxílio de uma bomba elétrica. E o riacho cntinua subindo. Não se vêem os pilares da ponte. São dezenas de córregos que alimentam o Boqueirão ao longo do seu leito, em direção ao rio Piraí. Minhas provisões dão para vários dias, desde que me alimente de atum em lata e macarrão.

Imagino-me num mundo onde só eu vivo e de onde não é possível sair. Tenho livros, papel e caneta. E computador, mas sem energia... E tenho o silêncio, agora perturbado pelo som do correr das águas, correr esse que afiança inviolabilidade a meu mundo. Do alçapão do sótão, uma fileira de morcegos me espreita. Pensarão: porque diabos esse cara sorri, olhando o riacho?

Passam-se dois, três, quatro dias.

No quinto dia as águas descem e a ponte dá passagem. Meu mundo deixa de existir. Aparece um indivíduo de um sítio vizinho querendo saber se necessito de algo. Sim, respondo, gostaria que destruíssem a ponte ou que a cobrissem de água para sempre. Ele ri, eu finjo que rio.

Regresso ao Rio de Janeiro, cabisbaixo, atravessando a ponte...