segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

ILHA GRANDE, ILHA DE INHACA


Não há fotos que possam mostrar o que e como vejo, ou palavras que descrevam o que sinto. Nenhum termo por mais superlativo que seja, nenhum filme. Ilha de Inhaca no Oceano Índico, Ilha Grande no Atlântico Sul. A emoção me toma todo, escorrega pelos dedos até à caneta, sai pelos olhos, embaçando o horizonte. Da proa do barco vejo os contornos da ilha ficarem cada vez mais nítidos, com a mesma ansiedade com que no Atlântico vejo se aproximar a outra ilha. Em terra, percorro trilhas aqui, como as percorro lá. O cheiro do ar é o mesmo. Piso o chão como pisando um prolongamento de meu corpo. Descubro que algo de meu nunca saiu daqui, algo meu está para sempre lá. Ilha de Inhaca no Índico, Ilha Grande no Atlântico Sul. Os dois oceanos não se encontram no sul da África, as duas ilhas não estão desunidas. Elas estão ligadas em mim; por mim se passa de uma ilha para outra, não como uma ponte, mas porque elas estão juntas em minha carne, em meu sentir.
Eu nasci nesses dois lugares.

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